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12 de setembro de 2022

Amônia, eficiente e segura*

Com conhecimento, procedimentos corretos e engenharia de qualidade, é possível, sim ter um sistema de refrigeração que opere com amônia de forma segura e com bom desempenho.

A amônia é muito utilizada por possuir as principais características desejáveis para um agente refrigerante, como por exemplo:

  • Produzir o máximo possível de refrigeração para um determinado volume de vapor;
  • Ter estabilidade química, sem tendência a se decompor, nas condições normais de funcionamento para temperatura e pressão atmosféricas;
  • Não apresentar efeitos prejudiciais sobre metais, lubrificantes e outros materiais utilizados nos demais componentes dos sistemas de refrigeração;
  • Não ser combustível ou explosivo nas condições normais de funcionamento;
  • Possuir um bom custo x benefício;
  • Melhor eficiência energética, entre outros mais.

Contudo é um fluido tóxico. Como principais efeitos da inalação ou contato com amônia, o ser humano pode sofrer uma poderosa irritação das vias respiratórias, olhos e pele. Dependendo do tempo e do nível de exposição podem ocorrer efeitos que vão de irritações leves a severas lesões corporais. A inalação pode causar dificuldades respiratórias, broncoespasmo, queimadura da mucosa nasal, faringe e laringe, dor no peito e edema pulmonar. A ingestão causa náusea, vômitos e inchação nos lábios, boca e laringe. A amônia produz, em contato com a pele, dor, eritema e vesiculação. Em altas concentrações pode haver necrose dos tecidos e queimaduras profundas. O contato com os olhos em baixas concentrações (10 ppm) resulta em irritação ocular e lacrimejamento. No caso de concentrações ainda mais altas, pode haver conjuntivite, erosão na córnea e cegueira temporária ou permanente. Reações tardias podem acontecer, como fibrose pulmonar, catarata e atrofia da retina.  Por isso, faz-se a aplicação deste refrigerante em sistemas indiretos, para que se tenha uma redução do volume de fluido no sistema.

Se por um lado, a utilização em grande escala da amônia nos sistemas industriais de refrigeração pode gerar grande preocupação para os profissionais de segurança do trabalho, que atuam neste segmento; por outro, é certo de que as grandes falhas de instalações de refrigeração utilizando amônia, na maioria das empresas, começam na fase de projetos falhos de engenharia em que as principais consequências são custos de correção e controle elevados.

Daí, a pergunta que ouço sempre: É possível instalar um sistema de Refrigeração com amônia eficiente e seguro?

Sem dúvida! Respondo.  Lembremos que toda consequência se origina em uma causa e, portanto, é possível melhorar os controles com o uso de estratégias adequadas bem como diminuir sensivelmente os riscos, ou seja, incorporar Boas Práticas de Operação com Amônia.   Basta saber que a amônia é amplamente utilizada nas indústrias de alimentos e bebidas.

Procedimentos – É fato que existem riscos muito altos vinculados às atividades industriais do ramo alimentício que trabalham com amônia em seus processos de refrigeração. Mas tais riscos não significam que necessariamente acontecerá algum fato. Justamente por isso e para isso existem as boas práticas de manejo com a amônia, que reduz sensivelmente os riscos e traz à tona todos os benefícios para os sistemas de refrigeração e, consequentemente, os produtos finais. Tais práticas requerem atenção dos agentes que estarão no dia a dia das instalações frigoríficas.  Eles devem estar devidamente equipados e capacitados para tratar com este agente químico, portanto é recomendável embasar todo o trabalho com amônia (NH3) nas Normas Técnicas nacionais vigentes bem como nas normas europeias. Como proceder? – Ambientes industriais requerem por si só atenção e cumprimento de normas de segurança e procedimentos que garantam a integridade de seus colaboradores. Em instalações com amônias é preciso:

  1. Cumprir as normas de Segurança e Saúde vigentes no trabalho;
  2. Executar projeto apropriado dos sistemas de refrigeração, orientado por normas e códigos de engenharia;
  3. Ter esquemas de manutenção preventiva com uma inspeção visual em todos os pontos críticos – soldas, curvas, junções, selos mecânicos – ao menos a cada três meses;
  4. Monitoramento e operação eficazes dos sistemas de refrigeração sendo que tanques e reservatórios devem passar por inspeção de SSMA completa, nos prazos máximos previstos na legislação nacional (NR 13), recomendando-se radiografia de soldas e testes de pressão.
  5. Informações de segurança do processo;
  6. Análise preliminar dos riscos existentes;
  7. Procedimentos operacionais e de emergência devidamente descritos e divulgados aos trabalhadores envolvidos nas operações;
  8. Capacitação técnica dos trabalhadores;
  9. Mecanismos de gestão de mudanças;
  10. Auditorias periódicas;
  11. Investigação de incidentes.

 Esta última questão é de suma importância e recomendo aos profissionais que conheçam as principais causas de vazamentos nestes sistemas de refrigeração, aqui listamos algumas:

  • Falhas nas válvulas de alívio, tanto mecânicas quanto por ajuste inadequado da pressão;
  • Abastecimento inadequado dos vasos comunicantes;
  • Danos provocados por impacto externo por equipamentos móveis, como empilhadeiras;
  • Corrosão externa, mais rápida em condições de grande calor e umidade, especialmente nas porções de baixa pressão do sistema;
  • Rachaduras internas de vasos que tendem a ocorrer próximas aos pontos de solda;
  • Aprisionamento de líquido nas tubulações, entre válvulas de fechamento;
  • Excesso de líquido no compressor;
  • Excesso de vibração no sistema, que pode levar a sua falência prematura.

Observe-se que as falhas de vazamento apresentadas poderiam ter sido amplamente evitadas se houvesse planejamento e utilização das boas práticas de manejo em sistemas que operam com amônia. 

Outra pergunta que ouço recorrentemente é: “No caso de emergência com vazamentos quais são as boas práticas para o tratamento”?

O uso de sistema fixo de detecção de amônia com instalação de detectores dentro da sala de máquinas e ambientes indústrias é recomendado para proteção do sistema de refrigeração industrial como um todo (operadores colaboradores e maquinários). O IIAR (Instituto Internacional de Refrigeração por Amônia) recomenda ainda a instalação de caixa de controle do sistema de refrigeração de emergência, que desligue todos os equipamentos elétricos e acione a ventilação mecânica exaustora fixa ou portátil sempre que necessário. Através do monitoramento contínuo da concentração de amônia na sala de máquinas, quando atingidos determinados níveis, serão acionados alarmes para tomadas de ações do controle de proteção.

Também indicamos a participação de cursos, workshops para atualização do tema, sempre que possível. Como se vê, a amônia pode oferecer riscos, mas seguindo todas as boas práticas de operação com este refrigerante e buscar empresas que sejam referência no setor, oferecendo sistemas que se diferenciaram pelo comprometimento, desempenho, segurança e eficiência energética, os riscos serão totalmente minimizados.

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